quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Diocese de Viseu cria linha SOS vida, in Lusa 11.02.2008


Viseu, 11 Fev (Lusa) - A Diocese de Viseu tem funcionar, desde hoje, uma linha SOS de Apoio à Vida, gratuita e confidencial, que pretende dar um primeiro aconselhamento e encaminhar pessoas com qualquer tipo de dificuldades.
A linha telefónica surge depois de, há um ano, na sequência do referendo sobre a despenalização do aborto, e impulsionadas por um apelo do Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, várias pessoas se terem juntado para criar o que hoje se chama de Centro de Apoio à Vida (CAV), com o objectivo de ajudar quem tem problemas.
O padre Armando Esteves, que coordenou o nascimento do CAV, disse à Agência Lusa que a linha SOS acaba por ser "a voz e o rosto" de um trabalho que um grupo de pessoas já vem desenvolvendo desde então.
"Um dia ou dois após o referendo (realizado a 11 de Fevereiro) apareceu-nos logo uma jovem, que ia fazer 15 anos, estava grávida de sete meses e havia uma situação de crise e dificuldade na família", contou, acrescentando que, "começou de imediato a haver gente a acompanhar casos no terreno".
Por considerar que "o apoio à vida deve ser desde a concepção até à morte natural", o CAV pretende não só dar apoio à gravidez na adolescência ou indesejada e a mães em dificuldades, mas a todas as situações de crise, sejam elas vividas por nasciturnos, crianças, jovens ou idosos.
Segundo o padre Armando Esteves, quando alguém marcar o 800 207 772, terá do outro lado da linha um de 24 "escutantes", que durante mais de dois meses receberam formação de pessoas com experiência em outras linhas de atendimento, técnicos das áreas da saúde, da acção social e de outros serviços.
O "escutante", anónimo, encaminhará a pessoa para um dos serviços que a podem apoiar e "que muitas vezes não são conhecidos, como o gabinete de despistagem do HIV ou as consultas para adolescentes", contou.
"Se a pessoa já procurou muitas respostas e não as conseguiu encontrar, o 'escutante' proporá que venha a Viseu, marque uma hora e terá uma pessoa para falar", acrescentou, explicando que fazem parte do gabinete de atendimento do CAV três assistentes sociais, duas psicólogas, quatro enfermeiros e um padre.
Os atendimentos telefónicos são feitos das 14:00 às 22:00, todos os dias da semana, incluídos sábados e domingos.
Esta linha verde SOS tem ainda como serviços complementares um grupo de acompanhamento no terreno de casos SOS, um núcleo juvenil na área da sensibilização e da prevenção e um grupo de "empresários amigos".
O padre Armando Esteves avançou à Lusa que entre os próximos objectivos do CAV está a criação de um gabinete de terapia e mediação familiar e promoção de formação para famílias de acolhimento.
A Fundação D. José da Cruz Moreira Pinto, de Viseu, é a Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que acolheu estas iniciativas do CAV.
Paulo Machado, presidente da Fundação, congratulou-se com a adesão de muitos voluntários a este projecto, dando seguimento ao apelo feito à sociedade civil por D. Ilídio Leandro para que ajudasse a criar uma instituição "a favor da vida e das pessoas com mais dificuldades", como escreveu na altura o prelado.
"Muita gente se prontificou desde essa altura e o grupo de voluntários tem cerca de cem pessoas", frisou Paulo Machado.
Os responsáveis pelo CAV estão em conversações com a Segurança Social para encontrar edifícios que possam acolher os serviços desta obra diocesana.
Segundo o padre Armando Esteves, num edifício da sede da Fundação, no Campo de Madalena (Viseu), poderá ficar "uma casa para acolher os casos mais urgentes, como vítimas de violência, indivíduos ou famílias com carências graves, onde se incluem também as grávidas".
Para um edifício na aldeia do Tojal, Sátão - que inicialmente era para ser uma casa de acolhimento de grávidas e crianças em risco -, está a ser pensado "um centro social comunitário, para trabalhar com as famílias, adolescentes e idosos, sempre com um grande complemento voluntário".
"A preocupação será sempre a de não institucionalizar e tornar dependentes mulheres, idosos e crianças. Queremos dar formação às pessoas, para que sejam autónomas no seu projecto de vida e readquiram a sua auto-estima", frisou.
AMF.
Lusa/fim