O Governo britânico prepara-se para apresentar hoje a discussão no Parlamento uma nova lei que permitirá usar técnicas de clonagem para criar embriões que terão duas mães, em termos genéticos. O objectivo é tratar a infertilidade de mulheres que sofrem de anomalias nas mitocôndrias dos óvulos, o que as impede de ter filhos. Mas o assunto envolve polémica.
A ideia é criar óvulos híbridos: o núcleo da célula da mulher que quer ser mãe seria transferido para um óvulo de uma dadora, previamente esvaziado do seu núcleo (onde se encontra a esmagadora maioria do ADN). As mitocôndrias são estruturas que existem fora do núcleo, com muito pouco material genético, mas que são consideradas as baterias da célula - se não funcionarem bem, podem dar origem a muitas doenças.
Esse óvulo híbrido seria depois fundido com um espermatozóide, usando técnicas comuns de fertilização assistida. O bebé que vier a nascer teria metade dos genes do pai e metade dos genes da mãe, como todos bebés - embora as suas mitocôndrias fossem diferentes das da sua mãe, que funcionavam mal.
O ADN das mitocôndrias é muito pouco: 16.500 pares de bases químicas (identificadas pelas letras A, C, T e G) que formam a molécula de ADN, enquanto o património genético do núcleo das células é composto por 3000 milhões de pares de bases.Grupos de pressão cristãos e ligados à bioética estão já a preparar-se para contestar esta lei, dizia ontem o jornal The Independent.
A ideia é usar técnicas de clonagem para criar embriões que têm uma pequena parcela de ADN de uma terceira pessoa